Operação em 6 estados e no DF investiga desvio de R$ 90 milhões de fundo previdenciário

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Brasil

19 de outubro de 2018 às 17h01

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Equipe da Polícia Federal esteve em prédio na Avenida Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, nesta sexta-feira (19), dentro da Operação Abismo â?? Foto: Clarissa Góes/TV Globo

O prefeito de um município do Grande Recife foi preso pela Polícia Federal em uma operação contra esquema de fraudes no instituto de previdência dos servidores da cidade, nesta sexta-feira (19). Outras 13 pessoas também foram presas. Segundo a PF, os envolvidos receberam propina para transferir R$ 90 milhões do instituto, que estavam em uma instituição financeira sólida, para uma empresa composta por ativos de risco. (Veja vídeo acima)

A transferência poderia comprometer o pagamento futuro das aposentadorias, apontam os investigadores. Os nomes dos presos e da cidade não foram divulgados porque o caso segue em segredo de justiça.

Foram cumpridos, até as 10h30, 14 dos 22 mandados de prisão e todos os 42 mandados de busca e apreensão emitidos para a Operação Abismo, de acordo com o delegado Márcio Tenório, titular da Delegacia de Combate à Corrupção da PF.

A delegada federal Andréa Pinho explica que, a princípio, o prefeito não tinha como transferir diretamente os recursos do Instituto de Previdência, mas que ele nomeia a pessoa responsável pelo fundo de aposentadoria do município.

"Na investigação, conseguimos detectar indícios de pagamento de propina, de pagamentos de espécie", explicou.
O Tribunal Regional Federal da 5ª Região autorizou o sequestro e bloqueio de bens e valores depositados em contas em nome dos investigados. Os mandados foram para Pernambuco e também Rio de Janeiro, São Paulo, Paraíba, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina.

"O esquema envolve grandes operadoras do mercado financeiro e, em geral, elas se localizam no Rio [de Janeiro] e em São Paulo. Por isso, cumprimos mandados nessas cidades hoje", explicou o delegado Márcio Tenório.

O esquema
As investigações apontam que cerca de 50% do total do fundo, que estavam investidos em uma instituição financeira sólida, foram transferidos para uma empresa de fundos de investimentos composta por ativos "podres". Ou seja, com pouca perspectiva de rentabilidade e com grande probabilidade de não conseguir realizar o pagamento das aposentadorias no futuro, segundo a PF.

Segundo a delegada Andréa Pinho, essa empresa utilizou lobistas para captar e negociar com os clientes, oferecendo propina para que eles fechassem negócio.

Os investigadores encontraram indícios de que a transferência dessa carteira de investimentos foi feita a mando do prefeito do município, em razão do recebimento de propina.

Segundo a Polícia Federal, os mandados de prisão foram para empresários, lobistas, advogados, políticos, religiosos e outras pessoas que participariam do esquema criminoso.

Os nomes não foram divulgados devido ao sigilo das investigações, informou a PF. Entre os crimes atribuidos aos envolvidos estão lavagem de dinheiro, associação criminosa, crimes financeiros, corrupção ativa e passiva, cujas penas ultrapassam os 30 anos de reclusão.

Os presos em Pernambuco foram levados até a sede da Polícia Federal, no Recife, onde são interrogados e logo em seguida encaminhados para os respectivos sistemas prisionais. Os presos de outros estados devem ficar reclusos em sistemas prisionais de seus estados, onde ficam à disposição do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.

Mandados
Para Pernambuco, foram emitidos 18 mandados de busca e apreensão, um de prisão temporária e quatro de prisão privisória nos municípios do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata, e Salgueiro, no Sertão.

Em São Paulo, os mandados foram emitdos para Jundiaí e Guariba, sendo 10 de busca, um de prisão temporária e outros cinco de prisão provisória. No Rio de Janeiro, os 10 de busca e apreensão são para a capital e há, ainda, seis de prisão temporária e um de prisão provisória.

G1 // AO

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