Jeremoabo: prefeito reeleito é acusado de falsificar exames de Covid-19 para impedir votação de eleitores de adversária

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Política

10 de julho de 2021 às 16h29

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O prefeito reeleito de Jeremoabo, Deri do Paloma (PP), no norte baiano, foi denunciado à Justiça Eleitoral por ter falsificado exames de Covid-19 à época da campanha, a fim de impedir que eleitores da candidata adversária comparecessem às sessões eleitorais para a votação.

De autoria da bancada oposicionista na Câmara Municipal, a ação pede que o atual gestor tenha o mandato cassado por abuso de poder político e econômico e fique inelegível por oito anos. Sete meses após a denúncia, no entanto, o processo segue parado na Justiça Eleitoral.

Ao menos dez moradores do bairro Vilas de Brotas tiveram diagnósticos positivos em testes realizados pela gestão municipal por determinação do candidato à reeleição, mas as contraprovas indicaram diagnósticos negativos. Esta é apenas uma das denúncias relacionadas em uma ação de investigação judicial eleitoral apresentada em dezembro de 2020.

Moradores relataram na ação que profissionais da Saúde fizeram busca ativa na região indicando que haveria um surto de Covid-19 no local, embora a população estivesse assintomática. Os resultados dos testes rápidos foram manipulados pela secretaria municipal da Saúde, que recomendou aos moradores quarentena de 14 dias, justamente no período da eleição municipal de 2020. Os moradores se submeteram a testes em clínicas particulares e tiveram resultado negativo.

A eleição em Jeremoabo foi decidida por uma diferença de 159 votos. "Temos certeza que esta mesma prática foi adotada em outros locais da cidade, mas os moradores ficaram com medo de denunciar. O dinheiro para combate à Covid foi utilizado para fins eleitorais", acredita a bancada da oposição na Câmara Municipal de Jeremoabo.

Entre os integrantes do grupo estão o presidente do Legislativo, vereador Carlos Henrique Dantas Oliveira (PSD), e os vereadores Antônio Chaves, Domingos Pinto, Manoel José de Souza Gama, José Raimundo Reis, Benedito Oliveira e Sidney dos Reis Macedo.

A realização direcionada de exames de Covid-19 em Vilas de Brotas, diz a ação, vai na contramão da adoção de medidas de combate à pandemia na cidade de poucos mais de 40 mil habitantes. "Nenhuma cidade dispunha de testes suficientes, mas a administração municipal de Jeremoabo direcionou a aplicação de exames em reduto eleitoral da candidata adversária", ressalta a bancada oposicionista.

Incentivos Fiscais

Ainda durante a campanha eleitoral, Deri do Paloma anunciou que a empresa de laticínios Natville seria instalada em Jeremoabo. Com a suposta chegada da fábrica ao município veio a promessa de campanha de geração de quatro mil empregos.

A notícia foi bem recebida pela população jeremoabense. No entanto, passados oito meses da campanha eleitoral a cidade segue sem qualquer previsão de ver a indústria em operação. "Não há qualquer sinal de obra no terreno onde a fábrica deveria ser instalada, apesar de ter sido prometido que o grupo começaria a funcionar na cidade ainda em 2021", explicam os vereadores.

A promessa é vista como o menor dos problemas. Para viabilizar a instalação da Natville, o prefeito e candidato à reeleição concedeu incentivos fiscais, prática vedada pela Justiça Eleitoral durante a campanha. Os moradores cobram a implantação da empresa. "A cidade ficou frustrada. Quem não ficaria empolgado em votar em um candidato que prometeu trazer tantos empregos para a cidade? Foram todos enganados", expõem.

Currículos de interessados foram direcionados ao então vice-prefeito Lula de Dalvino (DEM), que ficou responsável por coletar dados apenas de potenciais eleitores de Deri do Paloma. Após deixar o mandato de vice-prefeito, Lula tornou-se representante da Natville e não viabilizou a geração de um emprego sequer.

Compra de votos

Materiais de construção comprados pela prefeitura para a construção de uma academia de saúde e da Praça Almiro Ramos, no bairro José Nolasco, foram desviados por Deri do Paloma e doados a eleitores para que concluíssem obras em residências particulares, à época da campanha. "É uma prática antiga, né? Em troca, a pessoa teria que votar nele na eleição", denunciam os edis.

"A gente chegou, inclusive, a ver funcionários da prefeitura transportando cimento pronto para rebocar a casa de moradores. Até a imprensa chegou a ser agredida por tentar denunciar a irregularidade", completam.

Em um dos casos, um morador recebeu um recibo informando que teria direito a uma caixa d'água paga pela prefeitura. Ao tentar fazer a retirada após a eleição, o homem que teria sido beneficiado foi informado de que não poderia retirar o produto porque não votou em Deri do Paloma.

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